sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Um amor para recordar...


Quem não quer um amor para recordar?
Um amor de filme de sessão da tarde?
Daqueles que provocam suspiros do princípio ao fim...
Mas as vezes me acho meio na contramão do povo...
Pois os amores que recordo são os que me destruíram por um certo tempo.
Me machucaram.
Me obrigaram a me reinventar...
Estes sim, valem a pena recordar.
Mas não me critiquem nem se assustem porque estão no plural: amores!
Sim por que foram muitos...
Porque foram tantos quantos necessários pra me construir, destruir, reformar e me tornar o que sou.
Sem vergonha de recordar a cada um deles;
Os que não me lembro...
Bem, quais são eles mesmo?
Ah e só pra lembrar...
Esta historinha de amor para recordar.

Se for só um, tem de ser amor demais pra valer a pena lembrar....

Reciclagem


Houve um tempo em que esta palavra estava em alta...
Reaproveitar o lixo, era reciclar.
Curso de formação era reciclagem.
Reutilização da água ou do entulho era reciclagem.
Com o tempo e os usos, esta palavra perdeu a força e o sentido.
Perdeu o charme!
Hoje se mandar alguém reciclar é a maior ofensa. 
Nem lixo quer mais ser reciclado.
Mas existe por aí tanta coisa reciclada que se apresenta com outro nome só pra dar glamour.
Tem namoro reciclado, casamento reciclado, negócios reciclados (sob nova direção)
Mas porque será que os nomes perdem a força? Porque se tornam pejorativos e indesejados?
Isto nem a linguística e toda a sua análise consegue explicar.
O caso é mais de sintaxe do que de semântica.
Nada de pessoal com o nome, nem com o significado, só não se encaixa mais...foi reciclado!
Dóris Reis


“ CRISE”


Crise: esta é a palavra do momento.
Ela justifica a dívida no banco, o atraso no pagamento do salário, a revolta política nacional.
A crise é desculpa para o estress, para o fim daquele relacionamento antigo que iria acabar em casamento. É justificativa para não se ter filhos, nem abrir um negócio.
Por causa da crise estamos saindo menos, dançando menos, indo menos ao cinema e ao teatro e bebendo mais.
A crise é o motivo de se recuar naquele negócio da casa nova e na troca do carro.
Mas de que crise estamos mesmo falando?
Na crise política, econômica, social, ética, moral?
Nada disso, a crise tomou forma, porque assim deixamos que fosse. Bloqueou as iniciativas, a criatividade e virou desculpa pra tudo.
Desculpa pra culpar um outro ser, mesmo que abstrato por todas as mazelas do mundo.
Desculpa para estar neutro, desculpas para paralisar, para não se mexer.
Desculpa para experimentar uma nova dose de antidepressivos, pois afinal a “crise está brava!”.
Mas me desculpe o que eu vou dizer, ainda mais porque não sou autoridade alguma sobre crise...
Quero mais que esta crise se exploda!
Vou dançar e sapatear na cara dela... e de salto!
E mesmo contra a vontade dela e de todos os que a cultuam, como justificativa para a inércia e a covardia, vou continuar com a cabeça erguida...
Iguais a esta, eu já vivi mais de cem!

Dóris Reis
Setembro 2015