Grupo de Estudos sobre a Linguagem, composto por membros da Academia Trindadense de Letras, Ciências e Artes (ATLECA). O objetivo é abrir um fórum de discussões a respeito da linguagem em suas várias dimensões sociais.
domingo, 17 de outubro de 2010
Linguagem e Perspectivas Sociais: Filosofia, linguagens e significações sociais
Linguagem e Perspectivas Sociais: Filosofia, linguagens e significações sociais: "Prof. Dr. Wilson Alves de Paiva Embora existam linguagens no mundo animal, a fala humana é dotada de significados que vão muit..."
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Caro Mário,
ResponderExcluirSua observação seria pertinente se Paulo Freire defendesse a infinidade de letramento como um fim e não como um meio. Porém, ele
não o faz, e, assim como Rousseau, valoriza as percepções infantis,
populares e desprovidas de erudição e refinamento. Mas nunca como a
finalidade de um processo de aculturação. Todo processo educacional e
endoculturativa pressupõe, evidentemente, um melhoramento. Por isso, o
termo "ferocidade" (que Rousseau usa) e ignorância (que nem um dos
dois usa, mas eu sim, para indicar um grau de desconhecimento). Se o
processo cultural não arrancar o jovem da ignorância (estado de quem
ignora, ou seja, não conhece), de que adiantará? Há uma crença generalizada de que Rousseau e Freire defendem a ignorância, o pouco
letramento e o estado natural, rural e simples das coisas. Pior ainda
é a crença de que ambos defendem um laissez-faire no processo educacional, deixando que as pessoas se autoeduquem da forma maislivre e simples possível. Quem defende essas leituras não conhece as
obras de Rousseau e de Freire: ambos advogam um respeito pelas
múltiplas e infinitas leituras de mundo, porém, o papel político do
educador é justamente encaminhar o sujeito para uma mudança de atitute
que o tire da situação de "ingênuo", "feroz", "ignorante", "oprimido"
e o liberte na construção de sua persona junto à sociedade em que vive. Trazendo suas reflexões para o momento em que vivemos, é nossa tarefa política ajudar os jovens a sair de seu estado de ferocidade (até
mesmo no sentido stricto sensu: veja a violência nas escolas, as
brigas de gangue, a linguagem utilizada, etc.) e ignorância(principalmente o jovem brasileiro que desconhece as ricas linguagens
musicais, estéticas, linguísticas, tecnológicas e literárias). Não
acho que haja um paradoxo aí.
Mas obrigado por sua observação.
Abraços,
Wilson
Bem meus caros confrades Mário e Wilson,
ResponderExcluiro que percebo que não há nenhum desacordo de opiniões ou mesmo
antagonismo de teorias nas observações de ambos sobre o texto
postado. O que me chama atenção são os usos dos termos que causa uma
certa estranheza ao Mário. É que Letramento é um termo um tanto moderno que foi criado para se explicar ou definir práticas de
leitura e escrita na sociedade moderna. Meio que complementando o termo Alfabetização, que segundo os teóricos tem uma definição mais restrita e relacionada à prática escolarizada
da leitura e escrita. Portanto o que o Mário diz sobre o letramento está absoltamente correto, pois o conceito de letramento abrange o indivíduo como ser cultural e pleno na sociedade e para tanto se considera uma infinidade de possibilidades, já que estas possibilidades são o reflexo de visão de mundo e de experiências do indivíduo. E isso é claro, não tem na a ver com o que foi dito a
respeito da ferocidade e ignorância citadas pelo Wilson, que na verdade estava se referindo aos objetivos do Grupo de Estudos e a função da linguagem, já que neste ponto ele está fazendo apenas citação ao que Rousseau diz, na conclusão do texto que dava início aos nossos estudos e, pelo que percebo, justamente valorizando as práticas de letramento e de leitura de mundo, que podem fazer do jovem mais sensível e menos feroz, no caso considerando a linguagem também como expressão de sentimento e experiências do homem. Portanto, a meu ver, não há divergência, nem antagonismo nesta afirmação.
Dóris Reis