Crise: esta é a palavra do momento.
Ela justifica a dívida no banco,
o atraso no pagamento do salário, a revolta política nacional.
A crise é desculpa para o
estress, para o fim daquele relacionamento antigo que iria acabar em casamento.
É justificativa para não se ter filhos, nem abrir um negócio.
Por causa da crise estamos
saindo menos, dançando menos, indo menos ao cinema e ao teatro e bebendo mais.
A crise é o motivo de se recuar
naquele negócio da casa nova e na troca do carro.
Mas de que crise estamos mesmo
falando?
Na crise política, econômica,
social, ética, moral?
Nada disso, a crise tomou forma,
porque assim deixamos que fosse. Bloqueou as iniciativas, a criatividade e
virou desculpa pra tudo.
Desculpa pra culpar um outro
ser, mesmo que abstrato por todas as mazelas do mundo.
Desculpa para estar neutro,
desculpas para paralisar, para não se mexer.
Desculpa para experimentar uma
nova dose de antidepressivos, pois afinal a “crise está brava!”.
Mas me desculpe o que eu vou
dizer, ainda mais porque não sou autoridade alguma sobre crise...
Quero mais que esta crise se
exploda!
Vou dançar e sapatear na cara
dela... e de salto!
E mesmo contra a vontade dela e
de todos os que a cultuam, como justificativa para a inércia e a covardia, vou
continuar com a cabeça erguida...
Iguais a esta, eu já vivi mais
de cem!
Dóris Reis
Setembro 2015
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